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  • Nos debates contemporâneos sobre o autismo, a “Teoria da Mente” entende que as principais características autistas resultam da falha nas capacidades de metarrepresentação, tornando impossível a compreensão dos estados mentais alheios. Este artigo tem como objetivo realizar o estudo crítico do paradigma cognitivo, e contrapor a este as contribuições da fenomenologia. Pesquisadores nesse campo sustentam que pensamentos, emoções e intenções já são expressos e compreendidos nas condutas explícitas, permitindo a sintonia mútua que funda a sociabilidade humana. Desta forma, no caso do autismo, antes da instalação de prejuízos na metarrepresentação, haveria distúrbios precoces na dimensão sensório-motora, interferindo nos processos de intersubjetividade primária e secundária. Concluímos que a perspectiva fenomenológica permite a crítica das noções de módulos mentais e dos modelos computacionais, destacando a experiência mental corporificada, pré-reflexiva e intersubjetiva, contribuindo assim para uma nova compreensão dos modos autistas de sofrer e experimentar o mundo. Publicado em novembro de 2020.
  • Fonte: O texto, extraído da palestra de abertura do ciclo de debates do Tekoa “Aprendendo com seus pares” realizado em 01 de outubro de 2008, aborda uma reflexão, que não se encontra frequentemente na bibliografia disponível, sobre o que é o tratamento psicopedagógico, trazendo a luz detalhes teórico-práticos da especificidade dessa intervenção psicopedagógica. Através de uma série de questionamentos, o texto desdobra-se num viés investigativo que provoca curiosidade e uma visão reflexiva que pode ajudar o leitor a desvendar mistérios ao mesmo tempo que pode conduzi-lo a novos. Depois de situar o surgimento e a evolução da psicopedagogia em seu objetivo e campos de atuação, a autora trata do seu estudo sobre um campo teórico próprio para a psicopedagogia, a “Noologia estruturalista”, e procura fazer dialogar com a teoria e prática clínica. Leão tece ainda uma relação entre teoria e prática; ciências e arte no campo da psicopedagogia, esmiuçando a arte da intervenção. Defendendo uma postura interacionista, dialética, construtivista e estruturalista, o discurso se apoia em pressupostos teóricos psicanalíticos (lacanianos, winnicottianos e freudianos), piagetianos e pós-piagetianos, e considera a leitura da dimensão desiderativo-dramática e a dimensão lógico-conceitual, em suas articulações. Dentre os elementos de intervenção abordados, quanto a postura do psicopedagogo, destacam-se: a não atuação sobre o sintoma ou epifenômeno, a realização do trabalho apoiado na tarefa e a forma como a tarefa se instala a partir do outro, o cliente. A autora evidencia a frequente análise clínica que deve ser realizada pelo psicopedagogo em relação as variáveis do enquadramento, temática, tarefas escolhidas e produtos realizados, no sentido de proporcionar ao cliente ganho de autonomia e resgate do prazer de aprender. Parece bastante pertinente a produção de narrativas que abordem mais profundamente as questões sobre o tratamento psicopedagógico. Apesar de ser um tema muito solicitado por alunos e profissionais, ainda hoje não existe uma quantidade relevante de estudos científicos publicados. Além disso, a maioria dos trabalhos situam-se no âmbito do diagnóstico. O tratamento psicopedagógico, então, se mantem numa esfera superficial, quanto a apresentação de seus fenômeno, intervenções e processos. Maria Luiza usa o termo da “caixa preta” como uma analogia. A autora sente que há uma espécie de véu sobre o assunto, que o coloca em uma posição de inacessibilidade para se conhecer, desvendar. Publicado em fevereiro de 2018
  • No presente artigo, Rossano Cabral Lima aborda o panorama histórico da psiquiatria infantil no Brasil e no mundo. Contextualiza o “normal” e o “patológico” através dos tempos. Aborda a psiquiatria de crianças e adolescentes da atualidade sob o enfoque do espectro da medicalização. Traz a reflexão acerca do diagnóstico de determinadas patologias no contexto cultural de hoje em dia, discorrendo sobre o TDA/H (Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade), frequentemente associado ao TOD (Transtorno Opositivo Desafiador), TEA (Transtorno do Espectro Autismo) e TBI (Transtorno Bipolar Infantil). Este último, especialmente, praticamente inexistente no passado. Rossano apresenta o limiar entre a normalidade e a patologia e questiona: “Bipolares, disruptivas, autistas, hiperativas, opositivas, desatentas, desafiadoras, aspergers – somando todas, ainda restariam crianças normais?”. Apresenta, então, de forma leve e inteligente, a SNC (Síndrome da Criança Normal). Nos convida a refletir sobre os ideais de normalidade estabelecemos às nossas crianças e questiona os padrões adultos impostos pelos critérios diagnósticos da psiquiatria. O autor finaliza o artigo refletindo sobre os transtornos descritos no DSM e na CID, que não trazem uma definição sobre o que a criança é, mas sim, modos de descrever o mal-estar que têm impacto na vida dessas crianças e adolescentes, considerando o contexto no qual esse indivíduo se encontra inserido. Publicado em outubro de 2020.
  • A autora inicia o texto destinando uma ideia de Paulo Freire para o campo da Psicopedagogia: “Não é possível fazer uma reflexão sobre princípios básicos da psicopedagogia sem se refletir sobre o próprio homem, ou melhor, dizendo, sobre o “ser humano”, sobre o “ser” “humano”. E, com isso, convida o leitor a aventura do pensar para tentar chegar aos princípios em questão. Ao longo do texto, Genescá coloca algumas perguntas ao leitor como pistas para se chegar aos tais princípios. Publicado em setembro de 2020.
  • Esse ensaio pretende abordar a presença do virtual no mundo de hoje, se colocando contrariamente a uma enraizada herança platônica que consiste na dicotomia entre real e imagem, utilizada ainda como chave de leitura para o conceito do virtual. Adotamos, no lugar dessa perspectiva, uma reflexão sobre a dimensão construtiva da imagem, em sua possibilidade de extrapolar um sentido unívoco do real. A arte, os jogos, as brincadeiras infantis são espaços que auxiliam essas reflexões, sendo utilizados como base para eles alguns textos de Walter Benjamin. Publicado em agosto de 2020.
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