Artigo

  • O texto propõe uma reflexão sobre a questão do setting no desenvolvimento de atendimentos psicanalíticos na clínica dita extramuros. Apresenta dois exemplos clínicos conduzidos pelas autoras em contextos não convencionais, a clínica-escola de uma universidade e o ambulatório de psicologia de um hospital geral, para sustentar suas hipóteses sobre o entendimento de setting a partir de uma vertente ética, e não técnica, isto é, para as autoras, setting se refere ao campo teórico que sustenta a condução da clínica, e não ao lugar em que o trabalho transcorre. Em seguida, os ensinamentos de Freud e de Winnicott sobre a questão são tomados como fundamento teórico. Nesse sentido, Freud sustenta uma flexibilidade técnica em contraposição ao rigor teórico. Por sua vez, Winnicott afirma que há uma adaptação ativa do analista às necessidades de seu paciente na condução da clínica. Esses ensinamentos são base para um questionamento radical sobre a própria expressão extramuros, ou seja, em se tratando de psicanálise, há muros? Publicado em abril de 2024.
  • O artigo aborda questões fundamentais relacionadas à pulverização de diagnósticos em crianças e o papel dos adultos neste contexto. Os transtornos, déficits e disfunções são tantos, que fica difícil escaparmos de algum. Este tema passou a ser corriqueiro, em diálogos entre adultos não especialistas, quando, na verdade deveria ser “tratado por quem está comprometido ética e profissionalmente com a responsabilidade de proferir um diagnóstico psiquiátrico, de sustentar a condução de seu tratamento e de ser cuidadoso com os efeitos na vida das pessoas. Preferencialmente, um encaminhamento a ser conduzido por quem acredita e aposta na saúde mental mais do que na doença mental” (p. 2). Como psicanalista, a autora alerta para um processo de apagamento das narrativas sócio-históricas e pessoais, apostando em espaços de escuta dos sujeitos, com uma narrativa da experiência de cada criança, mesmo que seja “aos tropeços” (p. 8). Resumo escrito por Ana Bocchini Publicado em novembro de 2023.
  • É comum ouvirmos que, para enfrentarmos os desafios que a clínica atual nos impõe, há a necessidade de ultrapassarmos Freud e recorrermos a um autor pós-freudiano que tenha avançado em algumas questões não recobertas pelo autor inaugural da psicanálise. Nessa afirmação, duas premissas estão incluídas: a) a ideia de que há adoecimentos hoje que não existiam à época de Freud; b) a ideia de que existe uma diferença de fundamento entre uma clínica “tradicional” e outra “atual”. Sem negarmos a exigência de estarmos sempre renovando nossos estudos para além do texto freudiano, nossa intenção aqui será a de desconstruirmos ambas as premissas para afirmarmos que encontramos no texto freudiano portas entreabertas que nos conduzem e nos adiantam aquilo que se fará fundamento em alguns de seus seguidores. Para tal, tomaremos os transtornos psicossomáticos como exemplo de um suposto sintoma atual para demonstrarmos que, em Freud, encontramos rudimentos, tanto teóricos quanto clínicos, para lidar com essa temática que será, posteriormente, retomada, desdobrada e enriquecida por Winnicott.   Publicado em julho de 2023.
  • O texto discute a importância da escrita clínica psicopedagógica ao considerar, ao contrário da medicina, o sujeito em sofrimento em relação à sua condição particular de aprendizagem. Ou seja: o psicopedagogo toma como objeto o sujeito em situação de aprendizagem considerando na escrita da clínica o sujeito em si e não sua patologia. A autora apresenta suas experiências pessoais como psicopedagoga, com base psicanalítica, e como professora universitária e destaca a diferença entre o relatório ou informe psicopedagógico e o estudo de caso, enfatizando que este último tem como objetivo produzir entendimento a respeito de um fenômeno ao iluminar a narrativa da clínica e a sua importância na produção de conhecimento; uma vez que o relatório se restringe a apresentar os dados brutos coletados. A autora também propõe uma reflexão sobre a escrita da clínica psicopedagógica a partir do pensamento de Nasio (2001) sobre a escrita do analista, destacando a singularidade do ser que sofre, e de Mezan (1998) sobre os níveis de abstração da escrita da clínica, a fim de responder a questões epistemológicas da psicanálise. Publicado em maio de 2023.
  • Sabemos que desde sua fundação, as relações entre psicanálise e universidade são conturbadas e difíceis de serem sustentadas. A partir de nossa própria experiência, observamos que uma das maiores dificuldades encontradas no ensino da psicanálise na universidade se refere ao fato de que, nesta última, o encontro dos alunos com a psicanálise se estabelece pela via acadêmica e não pela via da clínica, como pacientes. Tal fato é o responsável por produzir uma dificuldade especifica na transmissão da psicanálise, na medida em que, como sabemos, a convicção nos mecanismos do inconsciente é derivativo da transferência que ocorre na clínica e não derivativas de um estudo teórico. No entanto, embora cientes de que a clínica seja um dos pilares estruturantes da inserção no campo da psicanálise, a universidade não oferece instrumentos que obriguem o alunato a se submeterem a um processo analítico. Até mesmo porque não há como se iniciar um processo clínico pela via da obrigatoriedade, na medida em que o sofrimento se apresenta, com exclusividade, como a porta de entrada para a busca de um tratamento psicanalítico.   Publicado em dezembro de 2022.
  • Este artigo apresenta os conceitos da banda de Moebius para a superação do sintoma na dificuldade de aprendizagem, objeto da psicopedagogia. A banda de Moebius, criada pelo matemático de mesmo nome, é uma superfície unilateral de uma borda obtida pela colagem das duas extremidades de uma fita, após efetuar meia volta em uma delas. Ao fazermos essa torção, temos a impressão que a faixa apresenta duas faces, mas, na realidade, trata-se de uma superfície de uma só face, no qual o direito e o avesso estão contidos um no outro.  
  • Considerar a defasagem e dificuldades de aprendizagem de alunos das áreas onde os conflitos de arma de fogo são rotineiros, o que requer observação e vivência. Mitigar os efeitos desses obstáculos constitui tarefa hercúlea, o artigo científico a seguir vem sugerir práticas de intervenção psicopedagógica para diminuir as dificuldades de aprendizagem em áreas conflagradas. Pensando na experiência como docente e coordenadora pedagógica no Complexo de Favelas da Maré, na cidade do Rio de Janeiro, busca apresentar sugestões aplicáveis em situações semelhantes, tendo como base a aplicação da leitura como ponto de partida bem como o letramento da teoria de Psicogênese da língua escrita de TEBEROSKY e FERREIRO.
  • A formação de professores se insere dentro do tema mais amplo das políticas de infância no Brasil e evidencia relações tensas entre as diretivas legais para o campo da Educação Infantil e a realidade de sua assunção no cotidiano das instituições educativas voltadas para esse segmento. Esse artigo tem como objetivo evidenciar alguns aspectos referentes às políticas de formação docente, expressos nos documentos que a normatizam, como por exemplo, os tempos necessários para planejamento dos professores em exercício e as possibilidades e impossibilidades de sua realização. Partindo da contextualização da história das políticas voltadas para a Educação Infantil, com ênfase na formação do professor, buscamos articular os desafios e tensões presentes na concretização das conquistas legais nas práticas cotidianas das creches e pré-escolas, tomando por meio da investigação de alguns elementos da realidade do Município do Rio de Janeiro. Palavras-chave: Educação Infantil. Formação de Professores. Políticas Educacionais. Publicado em julho de 2021.

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