Fonte: O texto, extraído da palestra de abertura do ciclo de debates do Tekoa “Aprendendo com seus pares” realizado em 01 de outubro de 2008, aborda uma reflexão, que não se encontra frequentemente na bibliografia disponível, sobre o que é o tratamento psicopedagógico, trazendo a luz detalhes teórico-práticos da especificidade dessa intervenção psicopedagógica.
Através de uma série de questionamentos, o texto desdobra-se num viés investigativo que provoca curiosidade e uma visão reflexiva que pode ajudar o leitor a desvendar mistérios ao mesmo tempo que pode conduzi-lo a novos.
Depois de situar o surgimento e a evolução da psicopedagogia em seu objetivo e campos de atuação, a autora trata do seu estudo sobre um campo teórico próprio para a psicopedagogia, a “Noologia estruturalista”, e procura fazer dialogar com a teoria e prática clínica. Leão tece ainda uma relação entre teoria e prática; ciências e arte no campo da psicopedagogia, esmiuçando a arte da intervenção.
Defendendo uma postura interacionista, dialética, construtivista e estruturalista, o discurso se apoia em pressupostos teóricos psicanalíticos (lacanianos, winnicottianos e freudianos), piagetianos e pós-piagetianos, e considera a leitura da dimensão desiderativo-dramática e a dimensão lógico-conceitual, em suas articulações.
Dentre os elementos de intervenção abordados, quanto a postura do psicopedagogo, destacam-se: a não atuação sobre o sintoma ou epifenômeno, a realização do trabalho apoiado na tarefa e a forma como a tarefa se instala a partir do outro, o cliente. A autora evidencia a frequente análise clínica que deve ser realizada pelo psicopedagogo em relação as variáveis do enquadramento, temática, tarefas escolhidas e produtos realizados, no sentido de proporcionar ao cliente ganho de autonomia e resgate do prazer de aprender.
Parece bastante pertinente a produção de narrativas que abordem mais profundamente as questões sobre o tratamento psicopedagógico. Apesar de ser um tema muito solicitado por alunos e profissionais, ainda hoje não existe uma quantidade relevante de estudos científicos publicados. Além disso, a maioria dos trabalhos situam-se no âmbito do diagnóstico. O tratamento psicopedagógico, então, se mantem numa esfera superficial, quanto a apresentação de seus fenômeno, intervenções e processos. Maria Luiza usa o termo da “caixa preta” como uma analogia. A autora sente que há uma espécie de véu sobre o assunto, que o coloca em uma posição de inacessibilidade para se conhecer, desvendar.

Publicado em fevereiro de 2018