Trecho
Contra algumas concepções marxistas que veem a revolução como um resultado quase “natural” do progresso, para Benjamin, se a possibilidade da revolução advém, sim, com alguns prognósticos – como o de que o capitalismo é um sistema contraditório que tende sempre a ser uma época de decadência, que tende a seu próprio fim –, essa possibilidade é pensada também como interrupção do progresso, pois o progresso é constituído por meio daquelas narrativas dominantes. É interessante associar essas concepções com a crítica de Nietsche ao historicismo, no livro, Da utilidade e da inconveniência da história (Cf. LÖWY, 2002). Michel Löwy sintetiza bem essa aproximação no artigo “A filosofia da história de Walter Benjamin”. Ali ele lembra da influência de Nietzsche nas “Teses sobre o conceito de história” de Benjamin e escreve: “Nietzsche ridiculariza a ‘admiração nua pelo sucesso’ dos historicistas, sua ‘idolatria do factual’ (Götzerdienste des Tatsächlichen) e a tendência a se inclinarem diante da ‘pujança da história’. Já que o Diabo é o senhor do sucesso e do progresso, a verdadeira virtude consiste em insurgir-se contra a tirania da realidade e nadar contra a corrente histórica”.
Autoria
Maria Eduarda Oliveira Castro possui graduação em Cinema (Comunicação Social) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2009), mestrado em Filosofia, pela Pontifícia Universidade Católica (2012). Doutorado em filosofia pela Pontifícia Universidade Católica (2018).